domingo, 13 de dezembro de 2009

Será isto?

No amor...
Já fui tudo aquilo que podia ser...
Já dei tudo aquilo que poderia dar...
Já recebi tudo aquilo que podia receber...
Já vivi o grande amor da minha vida...
Já vivi a grande ilusão da minha existência...
Já chorei todas as lágrimas permitidas...
Agora tudo o que vier é por acréscimo.
Gostava de permanecer na ignorância.
Gostava de poder pensar que o amor não é só isto , mas a realidade é bem diferente da fantasia e no meu coração esgotou-se a magia e inocência necessária para perpetuar uma mentira.
Gostava de poder sonhar para além da experiência.
Gostava de poder acreditar em almas gémeas, mas se fossem gémeas tinham partilhado o mesmo útero.
Gostava de acreditar em princepes encantados mas os princepes encantados foram todos para as Cinderelas, Brancas de Neve e Belas Adormecidas desta vida.
Gostava de acreditar que a minha espera não era mera fidelidade a uma ilusão.
Gostava que houvesse mais do que um grande amor por cabeça.
Desejo com todas as forças acreditar que não é só isto... que há mais! Que toda a dor que o destino me fez sentir foi para me preparar para algo tão grande que não cabia no meu coração e eu ainda não possuia as competências necessárias para lidar com isso.
Acredito que tenha sido uma preparação mas uma preparação para AGORA, para este momento! Para saber aceitar que o “para sempre” existe nos contos de fada e no amor só se tem direito uma vez na vida.
Esgotei a minha chance...
Repudio os acréscimos...
Quero algo mais, algo maior!
Mas entre o querer e o poder vai um mundo de distância....

Poeta

Páginas e páginas dedicadas
À fantasia do amor
Páginas e páginas escrevinhadas
Com pedaços da minha dor
Páginas e páginas envolvidas
Em história, côr e magia
Páginas e páginas concentradas
Na volatilidade da alegria
Quantas vezes eu não pensei
Ter encontrado quem me ama
Quantas vezes não constatei
Que só me deixaram na lama
Quantas vezes não sonhei
Que era o homem da minha vida
Quantas vezes não verifiquei
Que apenas lhe tapei uma ferida.
Mas ser assim é ser poeta
Uma explosão pouco discreta
De sentimentos exacerbados
Pelos objectos desejados
Mas ser poeta é ser assim
Dedicar-se à arte de sentir
A tinta da caneta a fluir
Marcando o principio do fim
Mas ser assim é ser poeta
Alguém que no papel projecta
As emoções intangíveis
Os seus medos mais temíveis.

Anatomia do Beijo


Húmido, molhado, desejado
Pulsam as veias de tensão
Acelera o compasso da paixão
Aproximam-se os corpos despojados
De todo a roupa, pudor e prudência
Estendem-se os braços em clarividência
Dançam enroscados os namorados
Drenando nos seus beijos a saudade
Esquecendo no êxtase a sanidade
Fluem rimas de amor eterno
Perdem o norte entre a magia
Expulsam gemidos de alegria

História de Amor

Naquele dia eu sorria
Alheia aos designios do fado
Que nos seus versos já previa
Aquela noite de céu estrelado
Naquele dia em que te conhecia
Já ansiava pelos teus braços
E comtemplei enquanto dormia
A singularidade dos teus traços
Viviamos na enganosa negação
Que apenas os outros ofusca
Mas impedia-a a atracção
De penetrar o nosso coração
Viviamos na insensata busca
Dos nossos olhares desejosos
Dos dialogos poderosos
Dos imaginários beijos gulosos
Toldava-nos o pensamento
Os silenciosos gemidos
Soltos pelo desejo
Envoltos neste sentimento
Fugiam-nos os sentidos
E o pudor do nosso beijo
Momentos de tensão
Segundos de êxtase e paixão
Quebraram o nosso segredo
Elevou-se o véu do medo
E Zéfiro levou-nos ao Céu
As flechas de Eros e Antero
Acertaram em cheio e sem receio
E em celebração do que é mais puro
Ouviram-se os sinos do clero
Mesmo que longe no futuro
És tudo, és o meu mundo
És aquilo que de mais profundo
Reside nos confins do meu ser
Dava tudo num segundo
Para nos meus braços te ter
És real, a minha verdade
A minha imortal felicidade