segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Depressão

É o fogo em mim que se extinguiu e deu lugar á mágoa de um passado que partiu....

É a vida que se dissipa nos meandros da insanidade de quem perdeu a esperança na palavra felicidade...

É a alma macerada que entra em derrocada numa explosão de vazio que me enche de nada...

É o grito silencioso que ecoa na minha mente, cada vez mais furioso e cada vez mais presente...

São as lições no meu caminho que me enchem de cepticismo e me desviam para os trilhos do abismo...

É ver os dias perderem-se em frivolidade, minutos e horas com a ambição da inactividade...

É sermos expectadores passivos no nosso drama pessoal, de vermos planos e sonhos a ruir de forma gradual...

É querer construir, é querer amar, é querer ser verdade e não prespectivar qualquer oportunidade...

São as entediantes trivialidades do quotidiano, que me adormecem e transportam para outro plano...

O meu medo é que ela não saiba....

O meu medo é que ela não saiba...

Que ela vá ao encontro de Deus na ignorância que foi amada. E como eu a amo! Por ela fazia tudo! Por ela corria o mundo, por ela gastava até ao meu último cêntimo e ficava alegremente na penúria se isso significasse ela estar viva mais uns meses...

Aí vem ela! De olhos tristes mas eu sei que está a rir... Veio dizer-me “Olá!”, ver se está tudo bem e pedir mais um miminho.

Ainda a tenho comigo... Ainda tenho tempo para lhe mostrar o quanto a amo... Mais do que já mostrei todos os dias desde que a vi.

O meu medo é a de não a ter comigo, e perder a sua lembrança no infinito...

Por mais que a mente saiba que o seu fim está próximo, o coração revoltasse com a ideia de não a ter por perto, de nunca mais a ver, de nunca mais a abraçar...

O meu medo é que ela não saiba que a amo... mas de que outra forma poderei mostrar-lhe?

Dar-lhe de comer, levá-la a passear, dar-lhe todo o mimo e atenção quando estou com ela, mesmo quando chego de rastos a casa, mesmo quando não consigo estar de pé, sento-me ao seu lado e dou-lhe tudo de mim, e quando o peso da idade caiu sobre ela, os seus olhos, os seus pulmões, o seu coração e até as suas pernas já cansadas demais de uma vida, eu carrego-a ao colo, pelos quatro lances de escada que ela já não consegue subir.

Só gostava de lhe poder dar mais, mais de mim... Ela dá-me mais do que sabe!

Um simples olhar, ou aquela expressão de paz quando dorme, de lingua meio de fora, é o que basta para me aquecer por dentro, para apertar o meu coração e não querer sequer cair de casa.

Eu sei que Deus vai levá-la em breve... Que nada posso fazer para o impedir e que a vida é feita de chegadas e partidas... (Não consigo dizer a outra palavra, desculpem!)

Mas nada disso faz sentido! Não quando ainda tenho tanto para lhe dar, tanto amor, tanto carinho...

Só quero rogar aos céus por mais uns anos de vivência com a minha pequenina, e que ela os viva sem sofrer! Se não puder andar eu andarei por ela, se não puder ver, eu verei por ela, se não se conseguir aquecer eu mantenho-a quente.

Só não quero que ela sofra...

Só não quero viver sem ela...

Só não quero que ela parta sem saber que eu a amei por demais... Que dava uma parte de mim se preciso, se isso significasse uma boa vida para ela.

Se aquando da tua partida não souberes o quanto eu gostava de ti, que tudo o que fiz foi para te proteger, e se os designios divinos deixarem estas palavras chegar até ti, fica a saber que te amo, que te amei e que te amarei para sempre.

Para sempre o meu amor

Para sempre o meu coração

Para sempre a minha filha

Para sempre a minha Foxz!

Aí vem ela toda lambona, a pedir franguinho com o focinho...